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Ar Fresco

terça-feira, novembro 21, 2006

O processo - parte 3

Já aqui falei neste blogue sobre a impreparação dos funcionários das Finanças, aquando da implementação do IMI, mais por causa da Administração Central, que não os preparou e formou convenientemente e a tempo. Aqui neste espaço, já foram referidos, também, exemplos da apressada adopção e adaptação dos "mandamentos" do Processo de Bolonha e as consequências nefastas para os alunos em transição do modelo antigo para o actual. O caso de hoje, trata-se da ineficácia e ineficiência dos serviços de segurança social e o transtorno que este facto acarreta quer para a Instituição, quer para os utentes enquanto beneficiários.

Exemplo:

O Senhor Pancrássio requereu o subsídio de desemprego, percorrendo todos os passos - centro de emprego e repartição da segurança social. Como procurou activamente e até tem algumas qualificações, passado um mês encontrou novo emprego. Tratou novamente de informar quer o centro de emprego, quer a segurança social (pois aparentemente as duas não comunicam).

Como o subsídio tem sido pago entre 2 a 3 meses após o requerimento, após um mês já a trabalhar cai na conta do Senhor Pancrássio o subsídio referente aos 2 meses anteriores, quando só deveria ter recebido 1 mês, após ter suspendido o referido subsídio. O Senhor Pancrássio até é uma pessoa honesta, liga para um balcão da Segurança Social informando do erro e pretendendo fazer a devolução da quantia que lhe foi indevidamente paga.

Problema 1: O Senhor Pancrássio não pode resolver de imediato o seu problema. Terá de aguardar que a Segurança Social faça uma fiscalização, após a qual receberá uma carta, em tom ameaçador, para devolver o dinheiro recebido indevidamente, sob ameaça de coimas.

Problema 2: Mesmo após avisar da sua situação, no mês seguinte volta a receber o subsídio. Volta a ligar, dão-lhe a mesma resposta, mas desta vez tratam de confirmar a suspensão e de fazê-lo directamente, durante o telefonema, para impedir pagamentos indevidos futuros.

Problema 3: O Senhor Pancrássio até pode ser azarento, mas é a 2.ª vez que lhe é pago indevidamente o subsídio de desemprego e que demoram vários meses a regularizarem a situação; como se não bastasse, o Senhor Pancrássio para regularizar uma situação, fruto de um erro da Instituição pública, terá de gastar um cheque (neste caso é a segunda vez) e o dinheiro no envio de uma carta registada com aviso de recepção (uma vez que o Senhor Pancrássio é um senhor prevenido).

Conclusão: Quantos casos destes haverá em que os contribuintes honestos são lesados no seu tempo e financeiramente; em que a Segurança Social tem dinheiro indevido distribuído incorrectamente; e em que cidadãos menos honestos e menos prevenidos poderão levar mais tempo a detectar o problema, acumular mais dinheiro e terem mais dificuldade em devolver o dinheiro e a Segurança Social em recebê-lo... já sem falar no tempo e burocracia envolvidos nestes procedimentos "kafkianos".

terça-feira, novembro 14, 2006

Madeira e Felgueiras...

Depois do rescaldo da ida de Marques Mendes à Madeira, e posterior impacto que isso teve no debate sobre o Orçamento de Estado há que deixar algumas reflexões no ar:

- Marques Mendes teria sempre de ir à Madeira e ficar "de bem" com Alberto João Jardim. O timming foi o ideal, pois o Governo ameaçava com cortes brutais no orçamento da região autónoma;
- Sócrates teria sempre de aproveitar este facto para desestabilizar o líder do PSD; Sendo que Alberto João Jardim tinha assim o terreno aberto para se reconciliar com Marques Mendes e se incompatibilizar (até quando?) com Sócrates.

A comparação de Felgueiras com a Madeira não é assim tão descabida. Se há défice democrático na Madeira, tal facto não se deve exclusivamente a medo de represálias. Há muito boa gente madeirense que vê em Alberto João Jardim o grande dinamizador da Madeira. Agora se ele o tem feito à custa do "Continente" isso não importa.

Tal como em Felgueiras, Fátima Felgueiras era vista como um Robin Hood dos tempos modernos, isto é roubava aos ricos (todos nós com os nossos impostos) e dava aos pobres (aos felgueirenses e também, ao que parece, a uns sacos azuis...); também Alberto João Jardim é assim visto, como aquele que soube usar bem o dinheiro que de todo não pertenceria à Madeira, uma vez que somos todos nós que estamos a pagar a diferença...

Que quem beneficie destes "autarcas" vote neles e lhes dê mérito eu ainda compreendo; até mesmo o facto de Marques Mendes se "ajoelhar" perante Alberto João Jardim, em nome de uma estabilidade e solidariedade dentro do PSD ainda vá... agora que alguns bloggers também reconheçam o excelente trabalho de Alberto J. Jardim já me parece mais estranho... Dêem-me também mais dinheiro do que aquele que tem por direito o meu presidente de concelho e eu mostro-vos como em poucos anos também o meu concelho tem uma evolução e modernização fora do comum...

quinta-feira, novembro 09, 2006

Eu, esquerdalho, me confesso - gosto da América

Numa altura em que os Democratas reconquistaram o Congresso, não posso deixar de me regozijar com a possível queda de Bush numas eleições próximas. Atenção, eu disse Bush, não disse Partido Republicano, não confundir. Mas desejo que haja mesmo uma vitória dos Democratas.

No que toca a questões americanas, sempre me identifiquei muito mais com os Democratas - e dada a minha curta memória política americana, Clinton foi o melhor Presidente dos EUA, mesmo tenda em conta o clima económico e estabilidade de que beneficiou.

Contudo, o facto de ser de esquerda nunca me levou a ser anti-americano, pelo contrário, encontro mais virtudes do que defeitos (principalmente a pena de morte) na sociedade americana (ensino, economia, liberdade, integração, etc.) - ver alguns exemplos neste post de Henrique Raposo.

Fui e sou pró-intervenção no Iraque
. Apenas lamento que não se tivesse planeado com antecedência e em concertação "universal" o que fazer, e de que modo, no pós-guerra. O mundo ficou mais seguro? Não. O Iraque ficou uma sociedade mais segura? Não. Foram apenas motivos políticos de luta contra o terrorismo internacional que motivaram a intervenção? Não. Mentiram descaradamente sobre as armas de destruição? Sim.

Porém, o mundo livrou-se de mais um ditador, que era potencialmente perigoso para a paz na região (não, não concordo com a pena de morte). As milhares de mortes que temos a lamentar, desde o início do conflito, devem-se mais a atentados terroristas e menos ao exército americano e às forças aliadas. O pós-guerra falhou, porque os EUA e a Inglaterra ficaram isolados do resto do mundo Ocidental e de alguns países "moderados" na região. Se tivesse havido um esforço conjunto, muito para além dos interesses económicos e políticos de cada um (não havia só interesses da parte dos EUA), o Iraque e o mundo seriam, de certeza, muito melhores. O Iraque e o Vietnam não são, por isso, comparáveis - apenas em baixas norte-americanas.

Os perigos para o futuro são vários: os EUA irão pensar duas vezes, no futuro, em envolverem-se em conflitos (a não ser que esteja em causa a sua própria segurança), dada a falta de solidariedade "Ocidental" - perigoso pois os EUA são a "força militar" do mundo ocidental. Os EUA registaram a permeabilidade da Europa ao sentimento anti-americano, à pressão dos activistas mulçulmanos, às ameaças do terrorismo e a cedência ao politicamente correcto.

A única esperança pode residir, de facto, numa mudança de Republicanos para Democratas, não porque as políticas sejam assim tão diferentes, mas porque a mudança dos actores políticos americanos (a saída de Bush e comparsas - Rumsfeld já foi...) possam dar início a um estreitamento de relações com a Europa, China, Rússia e demais países, dado que o Bushismo tem vindo a arruinar a política externa americana.

PS- post dedicado ao meu amigo Andy...

quinta-feira, outubro 26, 2006

Grandes Portugueses...

Ocorreu ontem um primeiro "debate", que muitas vezes resvalou para outros assuntos: participação (ou ausência) feminina na votação, poucas mulheres "nomeadas", a força dos séc. XIX e XX nos pseudo-nomeados, e, claro, a incontornável "sugestão forçada" do nome de Salazar [a posição (ridícula, mas compreensível) de proximidade de José Hermano Saraiva para com o nome e os ataques que sofreu, quer como Salazarista, quer como "estoriador" foram do pior que ontem se viu].

Seja como for, a "eleição" pelo menos trará discussão, um pouco de interesse e curiosidade pela nossa história...

Pela parte que me toca votaria em Nun'Álvares Pereira, o Condestável, em Bartolomeu Dias ou no rei D. João II, ou no Marquês de Pombal.

terça-feira, outubro 17, 2006

Segurança Social (I)

O novo sistema de segurança social contém, pelo menos, dois problemas para os quais ainda não vi propostas de resolução, quer por parte do Governo, quer por parte de propostas alternativas da oposição.

1 - Trabalhar até mais tarde

Hoje em dia já é comum ver anúncios de emprego, cuja idade máxima é normalmente os 35/40 anos (na melhor das hipóteses). Ora se um trabalhador tem o azar de cair no desemprego após os 40 anos, ser-lhe-á muito difícil encontrar um novo emprego, especialmente tendo em conta as habilitações académicas e formação que grande parte dos trabalhadores portugueses têm.

É ponto assente que temos de trabalhar mais tempo e que deveremos indexar a idade de trabalho ao crescimento da esperança de vida. A questão é: como convencer as empresas de que ainda vale a pena apostar num trabalhador com mais de 40 anos? Os incentivos fiscais são uma das medidas do Governo ( a redução da taxa de seg. social da entidade empregadora, respeitante ao trabalhador), mas isto é insuficiente e ineficaz - veja-se a este nível as medidas de incentivo à contratação de jovens à procura do primeiro emprego, trabalhadores com desemprego de longo prazo, etc...

2 - Investimento particular extra dos contribuintes

A ideia parece-me lógica, contudo neste problema há dois subproblemas: a) salários baixos e (muitas vezes simultaneamente) alto endividamento do sociedade portuguesa, sem margem para novas poupanças; b) falta de cultura de investimento/poupança dos portugueses - onde e como investir. Se o segundo subproblema se pode resolver recorrendo a uma instituição bancária (por exemplo), predominando o perfil de investimento conservador dos portugueses - apostas em PPRs, contas a prazo, aforros, etc.; já o primeiro problema não tem, a curto prazo, resolução, não se prevendo um boom da conjuntura económica e respectivo aumento considerável de salários. Resta apenas a muitos portugueses o aumento na percentagem a descontar, sendo que isso terá implicações directas na redução do rendimento mensal.

Concluindo, vamos ter de trabalhar até mais tarde e de poupar mais (mesmo considerando uma aplicação do Estado de uma parte das nossas contribuições em fundos de investimentos, ou qualquer outra ferramenta financeira). Mas também teremos de mudar a mentalidade das empresas, dos empresários no sentido de continuarem a apostar nos contribuintes para além dos 40 anos. É neste ponto que irá residir o sucesso deste ou de outro modelo de seg. social. Se falharmos, todos, aqui não vale a pena dizermos que teremos de trabalhar até aos 80, pois não haverá quem nos empregue.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Sexta-feira 13


Dia de Azar?!

Digam isso ao(s) apostador(es) que hoje ganharem 80.000.000 de euros...

Não se esqueçam, vão à Casa da Santa sorte.

quarta-feira, outubro 11, 2006

MIT ofusca tudo (II)

Novamente, repito, parece que o recente acordo com o MIT resolveu todos os problemas do ensino superior. Então se ao MIT juntarmos as directivas resultantes do Processo de Bolonha, temos do melhor que existe em termos de ensino superior na Europa e, quem sabe, no mundo.

As aulas ainda não começaram em muitas universidades e institutos, mas existem imensos problemas que a imprensa e blogosfera parecem ignorar. Os cursos, actualmente, são uma coisa bonita e bem estruturada para quem inicia agora o seu percurso académico na universidade. Para os que se encontravam no penúltimo e últimos anos dos respectivos cursos, este início de ano lectivo tem sido um pesadelo. Em muitas universidades não estão a permitir a alunos do regime anterior que concluam os anos que faltam, obrigando a uma migração para o novo regime com toda a trapalhada que advém das equivalências. Vou nomear apenas 1 caso que me é próximo, como exemplo, mas muitos mais haverá por aí:

ISA - Universidade Técnica
- Uma aluna que transitou para o 5.º ano, no Curso de Engenharia do Ambiente, foi obrigada a migrar para o currículo bolonhês - não permitiram completar o último ano no regime antigo. Resultado, como o curso condensou o número de cadeiras, inclusive acabou com algumas fundamentais para a área, os alunos do 5.º ano vão andar na boa vida, quase sem cadeiras e a fazer cadeiras que não têm relevância para a àrea, por exemplo, cadeiras de Arquitectura, etc. Em contrapartida, prometeram equivalências para o 1.º ano do Mestrado, ficando estes alunos, fazendo apenas com mais um ano, mestres. O problema é que a Ordem dos Engenheiros ainda não avaliou o mestrado bolonhês e, por isso, não acreditará curso nenhum, nem mestrados. Por outro lado, o curso com 5 anos está reconhecido na Ordem, mas estes alunos não o poderam completar...

Em Portugal é tudo muito bonito, mas as coisas não são reflectidas e não se acautelam os períodos de transição. O mesmo já me tinha acontecido a mim com o IMI, aquando da alteração deste imposto - nas finanças todos os funcinários sabiam tanto quanto nós contribuintes... quase nada.

NOTA - acredito que a trapalhada bolonhesa não se passe em todos os cursos, universidades e institutos, mas já tive relatos de situações semelhantes noutras instituições.

MIT ofusca tudo (I)

O recente acordo com o MIT parece ter tornado todo o Ensino Superior português num ensino de excelência, sem problemas e competitivo.

Segundo a notícia do semanário SOL (página 16), há universidades a aceitar alunos com habilitações académicas ao nível de um 9.º ano ou inferior. Pior é o facto de as provas de admissão e entrevistas serem facilitadas e iguais para diferentes cursos (?!) de modo a se preencherem as vagas de cursos sem alunos e, assim, se manter em funcionamento cursos, departamentos e até universidades.

Os alunos que têm tentado entrar através de exames nacionais (e com o 12.º ano completo) e não consigam, o melhor é esperarem pelos 23 anos e depois é sempre a andar...

Bem sei que este facto não afectou a maior parte das universidades públicas mais conceituadas, nem a Católica e afins, mas não deixa de ser preocupante que se ignore o assunto (pois pelo menos um instituto público está metido no barulho). [na blogosfera, que eu tenha visto, apenas o Retórica chamou atenção para o facto]

Mais preocupante ainda porque descredibiliza o ensino superior e contribui para injustiças no acesso ao emprego, uma vez que uns competem deslealmente com outros na obtenção de um grau académico que confere melhores oportunidades de carreira (não confundir com emprego garantido). Cabe às empresas recrutadoras fazerem a selecção.

A acompanhar...

terça-feira, outubro 03, 2006

Especulações blasfemas

Os blasfemos LR e JoãoMiranda, entre outros blasfemos, andam a ironizar, só pode, com a hipotética compra e venda de votos. Enquanto o JoãoMiranda acredita (espero que ironicamente) que quando um político promete que nos vai aumentar as reformas, baixar os impostos, etc. nos está a comprar, já LR acredita mesmo que devemos ir logo para a bolsa, comprar e vender títulos de voto (e ainda acrescenta que não está a ser irónico?!).

No caso do JoãoMiranda, lamento informá-lo, mas, caso não tenha reparado, TODOS os políticos fazem promessas, logo todos tentam "comprar". Se isto funcionasse numa lógica de mercado, todos os eleitores iriam votar no que "fizesse a melhor oferta" ou a maior. Ora em Portugal, isso de promessas não conta, vota-se acima de tudo pela personalidade / carisma do líder do PS ou PSD (ou no menos mau); ou quanto muito, vota-se contra o partido no poder como "castigo". Nem é preciso prometer muito, basta dizer: "eu faço diferente desses que estão agora no poder".

Se fosse mesmo possível vender o direito de voto, não é preciso ser um génio da economia para perceber que quem tivesse mais dinheiro, mais votos poderia comprar, especialmente, se avançássemos para uma lógica bolsista, em que haveria anonimato nas transacções. Ora a Democracia, apesar de todos os defeitos, e são muitos, pressupõe a responsabilidade do eleitor no momento da eleição e não a desresponsabilização total com lucro económico incluído.

Não sou ingénuo ao ponto de acreditar que todos votam em consciência, após estudo ponderado dos candidatos e dos programas (que raramente são cumpridos), há muita ignorância, clubismo político e ideológico, massas facilmente influenciáveis. Agora, acreditar que se votou no Sócrates, por exemplo, porque ele prometeu abaixamento de impostos ou aumento das reformas é também ingenuidade, o voto em Sócrates teve muito de voto útil para retirar de lá o Santana.

Concluindo, nem sempre as promessas eleitorais que envolvem dinheiro são causa directa da vitória de um partido/candidato. Contudo, se permitíssemos o "comércio eleitoral" aí sim, estaríamos a restringir o acesso à política e ao poder aos que tivessem capacidade financeira, pois só esses teriam meios para ganharem eleições.

Posto isto tudo, como exercício especulativo, bem hajam blasfemos...
...não estavam a falar a sério, pois não!?

Limpeza subtil na RTP

Parece que o jornalista Carlos Daniel "teve" de se demitir da subdirecção de Informação da RTP. As causas são várias, conforme se pode ler nesta notícia do Portugal Diário, mas a principal é o "comunicado a destempo [da] sua não recondução nos relatos dos jogos de futebol da selecção nacional".

Os factos são simples e claros, é fácil interpretá-los. Carlos Daniel conduzia um programa onde os convidados atacavam frequentemente as opções de Scolari e até algumas prestações de jogadores da selecção nacional. Concorde-se ou não com o "estilo" dos comentários, tais afirmações eram na maior parte das vezes feitas pelos "comentadores" residentes e não pelo jornalista Carlos Daniel que apenas conduzia o programa e introduzia os temas.

O problema é que a estação pública detém os direitos de transmissão da nossa selecção, e, durante o Mundial, ficámos a conhecer a política da assessoria de imprensa da selecção, os que não estão com a selecção estão contra nós. Não há meio termo, nem livre crítica. Ora como o programa pelos vistos até tinha alguma audiência, tornou-se num programa incómodo...

Neste momento não sei se o programa vai continuar, se os comentadores vão ser os mesmos ou não. O que circula no meio é que houve pressão da FPF para que o programa terminasse... ou então os direitos migrariam para outra estação...

Assunto a acompanhar...

segunda-feira, outubro 02, 2006

Depois admirem-se...


Já não conheço esta Europa!

Primeiro todos nos rimos com os cartoons. Os defensores do PC (politicamente correcto) foram lestos a condenar a liberdade criativa, que não havia bom-senso, que estávamos a provocar gratuitamente os pobres dos extremistas... e eles pobres coitados, analfabetos, pobrezinhos lá queimaram bandeiras, embaixadas, atacaram igrejas e apelaram ao aumento da lista dos infiéis...

Depois veio o discurso do Papa, os membros do PC correram a clamar falta de bom-senso, logo nesta altura, devemos ser mais tolerantes, nós os civilizados não podemos provocar... qual liberdade de expressão qual quê, afinal o homem não representa os mesmos que também já perseguiram infiéis e que os queimaram em fogueiras... lá vieram os analfabetos, pobrezinhos queimar símbolos católicos, igrejas, assassinar uma freira e aumentar de novo a lista dos infiéis a eliminar...

Depois mais uma ópera, com mais de um século, mas onde se representa Maomé decapitado (tal como outros símbolos religiosos) e toca a suspender a ópera não se vá ofender os analfabetos, pobrezinhos e eles se lembrem de queimar, matar e ameaçar mais gente...

Os membros do PC fazem-me lembrar os líderes europeus, americanos e russos quando Hitler anexou o primeiro país... coitadinho é só um país, não faz mal, ele vai parar por aí... temos de os desculpar afinal ...

A Europa da liberdade de expressão, de associação e de pensamento livre está a morrer lentamente. A cultura do medo, da repressão está a entranhar-se, tal como aquando a ascensão lenta dos ditadores, começando de um modo que passa despercebido, as restrições são para o nosso bem, a nossa segurança... pios, claro. Nós, "os ocidentais culturalmente superiores", temos o dever de nos calar, de não dizer o que pensamos, pois eles, os pobrezinhos extremistas, não sabem o que dizem, nem o que fazem, e tal qual os mentalmente incapacitados, não podem ser responsabilizados, mas não deixam de matar e de aterrorizar...

Paralelamente a este facto, para além das restrições de pensamento e expressão intelectual, surgem as restrições comportamentais, para nosso bem, pela "segurança" da nossa saúde, guerra ao tabaco, guerra ao alcoól, guerra às gorduras não vegetais... proibir, proibir e mais proibir.

A Europa está a envelhecer, não na idade, mas nas ideias. O PC está a vencer e não se vislumbra uma contra-revolta...

Pobre Europa, quo vadis?

Foto: Eugène Delacroix, La Liberté guidant le peuple

sexta-feira, setembro 08, 2006

11 de Setembro

Faltam ainda três dias para a data fatídica, mas com a manipulação que os media já estão a fazer, o melhor é escrever já o que há para dizer...

Para grande parte da sociedade ocidental e para a generalidade dos media, continua a haver apenas um culpado para os atentados de 11/9 – os EUA. Continuam as teses de que foi a política externa americana que levou aos atentados. Errado.

Os atentados não foram planeados por uns coitadinhos árabes fartos de sofrer, injustiçados, revoltosos e desejosos de vingança. Os atentados foram planeados e executados por terroristas islâmicos (porque também os há de outros credos ou nacionalidades), com elevado grau académico, de um modo frio e calculista, por uma organização onde circula rodos de dinheiro. Continuo a afirmar o que já disse antes – se há cidadãos do mundo mais injustiçados e esquecidos pelo Ocidente são a generalidade dos países africanos e estes não têm cometido atentados contra o Ocidente.

Até ao 11/9 não havia grandes elementos de tensão internacional. A invasão ao Afeganistão e ao Iraque foram DEPOIS dos atentados, não antes. Foram a resposta e não a causa.

O grande derrotado do 11/9 não foram os EUA, nem tão pouco os fundamentalistas islâmicos. O principal derrotado foi o Ocidente que se dividiu, que desculpabilizou e ainda desculpabiliza terroristas. O trabalho que os media têm feito, desde aí, é incrivelmente irracional, pois procuram causas para um fundamentalismo, que por si só é facilmente explicado: os terroristas islâmicos pretendem destruir o modo de vida Ocidental – o seu objectivo último é tornar o mundo num mundo islâmico.

Hoje, quando nos aproximamos da data que marcará o século, em vez de se discutir meios de luta contra o terrorismo, génese do terrorismo, medidas de prevenção, como se luta contra um inimigo invisível, etc. temos vindo a discutir a posição dos EUA no Iraque, as viagens da CIA, a prisão da Guantánamo, a discutir a frágil existência de Israel no mundo árabe...

Esta é, infelizmente, a grande vitória dos atentados de 11/9 – o crescer do anti-americanismo primário, a manipulação em favor do populismo e do radicalismo, por parte da extrema-esquerda e grande parte da esquerda, e a perda do estilo de vida ocidental – o aumento das medidas preventivas securitárias e o desvanecer do sonho de livre circulação de povos e bens entre países e continentes.

PS - sou de esquerda, mas na luta contra o terrorismo sei o meu lugar.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Blogues aconselhados

Parabéns pelos 2 ANOS ao A Destreza das Dúvidas, mais concretamente ao Luís Aguiar-Conraria e seu pai Cristóvão de Aguiar, um blogue político-económico-literário. Um dos poucos bons de Esquerda.

A outra congratulação não é para um aniversário, mas para uma "mera" existência, vale a pena ir lá ler os boatos que por lá se espalham. Um Boato a não perder.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Ataque abortado? Assim se espera...


Segundo os media ingleses e americanos a Scotland Yard terá conseguido, pelo menos por enquanto, impedir um acto de terrorismo brutal, onde se pretendia explodir vários aviões que fariam o percurso EUA – Reino Unido e vice-versa. Se tudo correu bem, tudo não passou de um susto, mas...

O terror está, definitivamente, de volta. Terror no verdadeiro sentido da palavra, não a destruição, nem as mortes, mas a ameaça, o medo, o sentimento de insegurança. Se queremos derrotar o terrorismo vamos ter de nos habituar a isto, a lidar com o medo. Por outro lado, alguns procedimentos de segurança vão ser com certeza implementados, nomeadamente no que se refere à bagagem de mão e, quem sabe à vistoria dos passageiros.

Sinto que, aos poucos, a maior vitória do terrorismo é acabar com os nossos hábitos de liberdade, de livre circulação, de segurança, de paz.

terça-feira, agosto 08, 2006

O perigoso precedente...

EUROPEAN SMOKERS






















Uma empresa irlandesa, a Dotcom Directories, publicou um anúncio onde excluía automaticamente os fumadores de concorrerem à função. Questionada por uma eurodeputada a UE caucionou sob a forma de lei. Ou seja, não há nenhuma legislação sobre discriminação, onde se possa considerar este caso – logo a empresa está legal.

Começou a época de caça aos fumadores. Depois das sucessivas proibições em espaços públicos (alguns dos quais eu concordo), paulatinamente irão ser perseguidos: primeiro nos empregos, depois onde calhar... é preciso é acabar com a espécie e rápido!

A Europa sempre foi um espaço de liberdades e de escolhas. Ao escolher ser fumador sei as consequências para a minha saúde e principalmente devo ter em atenção quem me rodeia. De resto é um vício privado que em nada prejudica a minha actividade profissional (lá não fumo), a minha condução, o meu bem-estar (não confundir com saúde), o que quer que seja...

O que a UE e, principalmente, alguns governos pretendem é dizer-nos como devemos ser, como nos devemos comportar e agir. Os fundamentalistas anti-tabágicos, que julgam estar quase a ganhar a guerra, acabam de abrir a caixa de Pandora... Por isso enquanto se regozijam com mais uma vitória, melhor é que vão pensando na proibição de amanhã e quem será afectado.

É o Admirável Mundo Novo que se vai criando, ao sabor do politicamente correcto, do homem higienizado que não fuma, não bebe, é vegetariano e quem sabe, no futuro, também não f... (terá sexo), tais os perigos e as doenças que daí podem advir...

Quo vadis Europa?